12.1.09

Comício que deflagrou Diretas Já completa 25 anos


Vista aérea do Vale do Anhangabaú tomada por milhares de pessoas durante o último comício pró-Diretas Já, em 1984 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)


Há 25 anos, em 12 de janeiro de 1984, um comício em Curitiba (PR) dava início à onda de manifestações das "Diretas Já", movimento popular que ganharia as ruas das principais cidades do Brasil e seria o prenúncio do fim da ditadura militar [1964-1985].


A tentativa de se eleger um presidente da República pelo voto direto havia começado em 1983, quando o deputado Dante de Oliveira (PMDB) apresentou ao Congresso a proposta - derrotada - de emenda à Constituição com essa finalidade.


Em abril de 1984, o PMDB lançou oficialmente a campanha nacional de apoio à emenda, com o slogan pelo qual ficaria conhecido: "Diretas Já". 

Em 27 de novembro de 1983, ocorreu a primeira manifestação pública pelas eleições diretas, com uma festa-comício organizada no estádio do Pacaembu, em São Paulo, por partidos de oposição.


Nos quatro meses que antecederam a votação da emenda Dante de Oliveira, o movimento ganhou fôlego. De Curitiba, onde o primeiro comício reuniu cerca de 50 mil pessoas, as manifestações se alastraram para Salvador (BA), Vitória (ES), Campinas (SP). 

Treze dias após o comício de Curitiba, ocorreu a manifestação da Praça da Sé, em São Paulo, que reuniu de 200 mil a 300 mil pessoas. Os organizadores marcaram o evento para 25 de janeiro, aniversário da cidade, para facilitar a participação popular. 

No Rio de Janeiro, uma das primeiras manifestações foi uma passeata na Avenida Rio Branco, no centro da cidade, em 16 de fevereiro.


O último grande comício antes da votação da emenda Dante de Oliveira, como ficou conhecida, se realizou no dia 16 de abril, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com quase 1,5 milhão de pessoas.


Dois dias depois, o presidente João Figueiredo decretou a adoção, pelo prazo de 60 dias, de medidas de emergência no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás.


As medidas incluíam a possibilidade de detenção de cidadãos em edifícios comuns, suspensão da liberdade de reunião e associação, além de intervenção em sindicatos. Foi determinada ainda a censura prévia às emissoras de rádio e de televisão e proibida a transmissão ao vivo de qualquer informação sobre a votação da emenda. 

A votação no Congresso Nacional terminou sem que a emenda das Diretas conseguisse a maioria de dois terços exigida para ser aprovada. Cento e treze deputados não compareceram, e a emenda acabou rejeitada por 22 votos, apesar dos 298 votos favoráveis (65 contrários e três abstenções).


Com a rejeição da emenda, o país realizou em 1984 sua última eleição indireta para presidente da República. O PMDB indicou Tancredo Neves e o PDS lançou Paulo Maluf. Tancredo venceu a disputa.

 

Mas as comemorações pela vitória do peemedebista duraram pouco. O então presidente foi internado um dia antes da posse, em 14 de março de 1985 e morreu no 21 de abril. Quem assumiu o mandato foi o vice, José Sarney.


A primeira eleição direta só ocorreria em 1989, elegendo Fernando Collor como o primeiro presidente escolhido pelo voto popular após 21 anos de regime militar.


Fonte: G1