29.12.10

Naufrágio na Zona Proibida

Há 500 anos, uma nau cheia de ouro afundou diante de uma praia coalhada de diamantes.

Por Roff Smith
Naufrágio na Zona Proibida

Perdido em 1533, um "excelente" espanhol vem à luz em uma mina da Namíbia.

A história raramente se desenrola como fábula. Mas considere o seguinte: uma nau mercante portuguesa do século 16 transportando uma fortuna em ouro e marfim rumo a um famoso porto de especiarias na costa da Índia desvia-se de sua rota por causa de uma forte tempestade ao tentar dobrar o extremo sul da África. Dias depois, avariada, a embarcação se espatifa em um misterioso e nevoento litoral juncado de diamantes - mais de 1 milhão de quilates deles -, escárnio cruel do sonho de riquezas dos marujos. Nenhum dos náufragos jamais voltou para casa.

Tão improvável peripécia teria se perdido para sempre não fosse pela espantosa descoberta, em abril de 2008, de um barco afundado nas areias da praia no Sperrgebiet - o rico e famoso território privado da mineradora de diamantes De Beers, na boca do rio Orange, ao sul da costa da Namíbia. Um geólogo da companhia que trabalhava na área de mineração U-60 topou com uma aparente meia esfera de pedra perfeitamente arredondada. Curioso, apanhou o objeto e se deu conta de que se tratava de um lingote de cobre. Uma estranha marca de tridente na superfície gasta revelou-se o emblema de Anton Fugger, um dos mais ricos financistas do Renascimento europeu. O lingote era do tipo que, na primeira metade do século 16, se trocava por especiarias nas chamadas "Índias", designação genérica de uma região que compreendia mais de uma dezena de países atuais, desde a Índia e o Paquistão até a Malásia e a Indonésia.

Os arqueólogos descobririam mais tarde uma impressionante partida de 22 toneladas desses lingotes debaixo da areia, além de canhão, espadas, presas de elefante (marfim), astrolábios, mosquetões e cotas de aço - ao todo, milhares de artefatos. E ouro, lógico, ouro a mancheias: mais de 2 mil lindas e pesadas moedas, a maioria excelentes, a moeda espanhola do século 16 com as efígies dos reis da Espanha Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Havia também uma miscelânea de moedas venezianas, mouras, francesas e portuguesas, estas últimas ostentando o brasão de armas do rei D. João III.

É de longe o mais velho naufrágio já localizado na costa da África subsaariana, e o mais rico. Seu valor em dólares ainda é incerto, mas nenhum de seus tesouros teve o condão de atiçar a imaginação dos arqueólogos de todas as partes do mundo com a mesma intensidade quanto o navio sinistrado em si mesmo: um East Indiaman português, como chamavam as embarcações que faziam a rota das Índias Orientais, datado dos anos 1530, em pleno apogeu da era dos descobrimentos, com seu carregamento de valores e produtos comerciais intacto, depois de repousar intocado e insuspeito por quase 500 anos.

"É uma oportunidade inestimável", diz Francisco Alvez, decano dos arqueólogos marítimos portugueses e chefe da arqueologia náutica do Ministério da Cultura. "Sabemos pouco sobre esses grandes navios. Esse é só o segundo que já foi desenterrado por arqueólogos. Todos os demais foram saqueados por caçadores de tesouros."

Caçadores de tesouros nunca serão problema aqui, no meio de uma das minas de diamante mais resguardadas do mundo, em um litoral cujo próprio nome - Sperrgebiet - significa "zona proibida" em alemão. Longe de saqueadores, as autoridades da De Beers e do governo da Namíbia, que nessa área arrendada formam uma joint venture denominada Namdeb, suspenderam as operações no local do naufrágio, convocaram uma equipe de arqueólogos e passaram semanas a minerar história em vez de diamante.

Pesquisadores vão levar anos estudando a riqueza do material coligido no "Naufrágio dos Diamantes", como foi chamado. "Há muita coisa desconhecida", afirma o português Filipe Vieira de Castro, coordenador do programa de arqueologia náutica da Texas A&M University. Castro passou mais de dez anos estudando as naus mercantes portuguesas, desenvolvendo modelos computadorizados com base em escassos achados arqueológicos. "Esse naufrágio vai nos proporcionar novos dados sobre tudo, desde formato do casco, cordame e evolução desses barcos até detalhes como o jeito como se cozinhava a bordo e os pertences levados em grandes jornadas."

Um trabalho detetivesco em meio a raros manuscritos e arquivos reais em Lisboa amealhou quantidade suficiente de peças e fragmentos históricos para reconstituir o caso, rico em ironia e alegoria tanto quanto em ouro, de uma viagem há muito esquecida e de um navio desaparecido.

A história tem início na sexta-feira 7 de março de 1533, primavera em Lisboa, quando as grandes naus da frota que seguiria para as Índias naquele ano zarparam em grande estilo da foz do rio Tejo para o imenso Atlântico, com bandeiras e flâmulas a tremular, sedas coloridas e veludos a decorar os castelos de proa e de popa. Esses barcos eram o orgulho de Portugal, os ônibus espaciais da época, a caminho de uma odisseia de 15 meses para trazer fortuna em especiarias de longínquos continentes. Goa e Cochin (Índia), Sofala (Moçambique), Mombasa (Quênia), Zanzibar (Tanzânia) e Ternate (ilhas Molucas, Indonésia): lugares lendários e tão remotos quanto as estrelas na época, hoje, são portos rotineiros, incorporados à língua portuguesa graças ao engenho e à tecnologia da brava gente lusitana.

As naus que zarparam do Tejo em 1533 eram robustas e destras. Duas delas, novas em folha, pertenciam ao próprio rei. Uma era a Bom Jesus, capitaneada por D. Francisco de Noronha, e levava cerca de 300 pessoas, entre marujos, soldados, mercadores, sacerdotes, nobres e escravos.

Atribuir nomes e uma história a um naufrágio anônimo de cinco séculos, descoberto por acaso em um litoral distante, requer astúcia investigativa e mais que sorte - sobretudo se tiver sido de uma nau portuguesa. Ao contrário do reino de Espanha, sobre o qual há documentos de época, Portugal sofreu, em novembro de 1755, uma sequência de catástrofes - terremoto, tsunami e incêndios - que varreu Lisboa do mapa. A Casa da Índia, o edifício que abrigava a maioria de preciosos mapas, cartas marítimas e registros de navegação, desabou sobre o Tejo. "Isso abriu um buraco em nossa história", diz o arqueólogo Alexandre Monteiro. "Sem contar com arquivos sobre as Índias para análise, tivemos de achar meios mais imaginativos de obter informação."

Assim, uma pista vital emergiu das moedas encontradas no sítio do naufrágio, em particular as portuguesas, belas e raras, da época do rei D. João III. Elas foram cunhadas alguns anos antes, a partir de 1525. Depois de 1538, foram recolhidas, derretidas e nunca mais relançadas. A presença de tantas reluzentes e novas moedas é forte indicativo de que o navio foi ao mar em algum momento durante esse inervalo de 13 anos. Além disso, a carga de lingotes de bronze sugere que a embarcação não retornava a Portugal, e sim seguia para as Índias para adquirir especiarias.

Embora os registros completos da Casa das Índias tenha se perdido há tempos, alguns fragmentos restaram em bibliotecas e arquivos que sobreviveram ao terremoto de 1755. Entre eles encontram-se as “Relações das Armadas”, ou seja, os relatos sobre as expedições. Um estudo das narrativas mostra que 21 naus se perderam a caminho das Índias entre 1525 e 1600. Apenas uma delas foi a pique em algum ponto próximo à Namíbia: a Bom Jesus, que navegou em 1533 e "se extraviou ao dobrar o cabo da Boa Esperança".

Outro sinal intrigante indicando a Bom Jesus veio de uma carta que Monteiro desenterrou dos arquivos reais. Datada de 13 de fevereiro de 1533, ela revela que o rei D. João III acabara de enviar um nobre a Sevilha para apanhar 20 000 cruzados em ouro das mãos de um consórcio de negociantes que havia investido na frota prestes a zarpar para as Índias - a mesma que incluía a Bom Jesus. Os arqueólogos, antes disso, haviam se mostrado pasmos diante da alta quantidade de moedas espanholas encontrada no naufrágio - cerca de 70% das unidades de ouro eram de excelentes, algo inesperado em se tratando de uma nau lusitana. "Essa carta representou um grande salto", afirma Monteiro. "Os investidores espanhóis, ao que parece, tiveram grande participação na expedição de 1533, fato pouco usual."

Um torno raro do século 16 chamado "Memória das Armadas" chega a permitir fantástico vislumbre da nau Bom Jesus. Editado como um volume comemorativo, ele contém ilustrações de todas as frotas que partiram para as Índias, ano a ano, desde a expedição pioneira de Vasco da Gama, em 1497. Entre as imagens de 1533, encontra-se uma vinheta que mostra dois mastros encordoados com o velame aberto em vias de desaparecer pelas ondas adentro com a legenda "Bom Jesus". E um simples epitáfio: "Perdido".

O que aconteceu? Ao que parece, uns quatro meses depois de sua partida de Lisboa, a primeira frota de 1533 foi atingida e dispersada por uma tempestade. Os detalhes são pura especulação. O relatório da viagem feito pelo capitão D. João Pereira, comandante da frota, extraviou-se. Tudo que resta é o registro de um funcionário acusando o recebimento do texto de D. João com menção ao desaparecimento da Bom Jesus na borrasca em algum lugar na costa do Cabo. É fácil imaginar o que sucedeu depois: a nau avariada pela tempestade viu-se colhida pelos poderosos ventos e pelas correntes que se manifestam ao longo da costa sudoeste da África e foi levada a centenas de quilômetros para o norte. Assim que a vegetação rasteira esbatida de ventos do deserto da Namíbia se tornou visível, a nau condenada chocou-se contra recifes a cerca de 140 metros do litoral. O forte impacto arrancou grande pedaço da popa, derramando toneladas de lingotes de cobre no mar e mandando a Bom Jesus a pique.

Avance agora cinco séculos até o sítio arqueológico envolvido em uma aura um tanto surreal. Vários pesquisadores escavam um navio naufragado que jaz a 6 metros abaixo do nível do mar cujas águas atlânticas são mantidas afastadas por um massivo muro de contenção. Câmeras de circuito fechado, espalhadas pelo perímetro do sítio, monitoram os movimentos - uma lembrança de que, apesar da excitação da descoberta, isso aqui ainda é uma mina de diamantes. E uma das mais ricas, onde as gemas preciosas podem estar misturadas à areia que os arqueólogos varrem.

"Não fosse pelo peso desses lingotes que fez tudo se enterrar na areia, não teria sobrado nada", diz Bruno Werz, diretor do Instituto Sul-Africano de Arqueologia Marítima, que presta assistência à escavação. "Cinco séculos de tempestades e ondas teriam desgastado e sumido com tudo."

Werz e alguns pesquisadores têm se debruçado sobre os destroços, medindo, fotografando
e escaneando tudo com um equipamento a laser tridimensional. Tentam reconstituir os últimos momentos da nau, que não devem ter sido fáceis. Os espatifados despojos do casco e do castelo de proa, com um emaranhado de velas, mastros e cordame se espadanando em meio aos vagalhões, tudo à deriva rumo ao norte pela corrente, vagando pelo mar. E o que foi feito do pessoal a bordo, D. Francisco e os demais?

"Uma tempestade de inverno aqui não é brincadeira", diz Dieter Noli, arqueólogo que trabalha e reside ao longo desse trecho do deserto da Namíbia há mais de dez anos. "Deve ter sido horrível, com ventos de mais de 125 quilômetros por hora e uma tremenda rebentação. Chegar à praia seria impossível. Por outro lado, se a tempestade amainou e o barco derivou para a praia num desses neblinosos dias de bonança que temos por aqui, bom, isso abre todo tipo de possibilidade."

Algo do gênero pode ter acontecido. Embora a descoberta de ossos de dedos do pé dentro de um sapato preso debaixo de uma pilha de madeiras indique que ao menos uma pessoa não sobreviveu - esses foram os únicos despojos humanos recuperados. Havia também poucos objetos pessoais entre os artefatos encontrados. Tais fatos levaram os arqueólogos à crença de que, apesar do esfacelamento do navio, muitas, senão a maioria, das pessoas a bordo lograram chegar à terra.

E depois? Esse é um dos lugares mais inóspitos do planeta, uma imensidão desabitada de areia e vegetação rasteira a se estender por centenas de quilômetros. Era inverno, todo mundo molhado, exausto, com frio, afundado em desolação. Não havia a menor esperança de resgate, pois ninguém no mundo sabia que eles estavam vivos, e menos ainda por onde iniciar a busca. Tampouco havia chance de algum navio passar por ali. Eles estavam fora das rotas comerciais. Quanto à chance de voltar para Portugal, era a mesma que teriam se houvessem naufragado em Marte.

De todo modo, as coisas não precisavam ter acabado mal para os náufragos, de acordo com Noli. O rio Orange fica a apenas 25 quilômetros ao sul do sinistro, uma fonte de água fresca cuja vegetação típica eles podem ter notado ao passar à deriva pela foz. Havia muita comida: mariscos, ovos de aves marinhas e caracóis do deserto.

Além disso, os portugueses podem ter cruzado com especialistas locais em matéria de sobrevivência. O inverno era a estação na qual o povo de caçadores-coletores conhecidos hoje como bosquímanos se aventuravam ao norte ao longo desse litoral na esperança de encontrar carcaças de baleias-franca-austrais que iam dar na praia.

Como os portugueses se saíram nesses encontros é algo que dependeu deles, diz Noli. " Se conseguiram negociar, em vez de tomar as coisas à força, não há razão para supor que não tivessem se dado bem". Os poucos bandos de caçadores-coletores às margens do rio não sofriam pressões populacionais por recursos escassos e, portanto, não havia por que se mostrarem agressivos para com os recém-chegados. Ao contrário, um cavalheiro português alto e garboso em sua armadura pode muito bem ter sido encarado como um atraente genro em potencial por algum nativo.

Seja qual tenha sido seu destino, os sobreviventes da nau Bom Jesus não tinham a menor ideia da rara ironia com a qual suas preces, tempos atrás, em Lisboa, haviam sido acolhidas. Eles haviam se lançado em uma jornada em busca de riquezas, suplicando diante de altares e santos por ajuda e sucesso. Agora lá estavam eles, em uma praia de inimaginável riqueza - um trecho de 300 quilômetros de deserto recheado com um volume fantástico de diamantes de alta qualidade, a ponto de, no início do século 20, o explorador Ernst Reuning ter apostado com um colega em quanto tempo encheriam uma caneca com as gemas soltas na areia. Levou só dez minutos.

Por longas eras o grande rio arrasta milhões - bilhões mesmo - de diamantes desde jazidas situadas a distâncias que chegam a 2 735 quilômetros terra adentro. Apenas as mais sólidas, brilhantes e refinadas pedras, algumas pesando centenas de quilates (1 quilate = 0,20 grama), sobreviveram à viagem. Elas se despejaram no Atlântico na boca do rio e foram empurradas para a costa pela mesma corrente fria que um dia viria conduzir a Bom Jesus ao desastre.

FonteNational Geographic Brasil




Jesus: os mistérios alimentam a fé no filho de Deus

Crucificação, de Tintoretto

De uma forma ou de outra, a história de Jesus Cristo chegou a todos os cristãos que vivem no mundo hoje. Pode não haver relíquias suficientes nem evidências incontestáveis que comprovem quem foi e o que realmente fez o profeta de Nazaré. Mas são justamente os mistérios em torno do filho de Deus que alimentam a fé de milhões de pessoas em todo o mundo. Há, contudo, os que buscam preencher as lacunas deixadas na história do messias. O resultado são milhares de pesquisas que buscam responder às perguntas: quem foi e o que realmente fez Jesus Cristo?

jesus-1992A bibliografia sobre o messias é extensa. A começar pelo mais famoso livro do mundo - a Bíblia. Ainda assim, as evidências a respeito do que narra o Livro Sagrado são escassas. E as conclusões a respeito dos estudos, praticamente nulas. Os estudos buscam o Jesus histórico, não o teológico, a divindade. Não o Cristo dos altares, o Jesus de cada um, nascido do recôndito da intimidade onde brota – ou não – a fé. Esse, a ciência e história jamais alcançarão explicar.

O que até agora se sabe, é que o Jesus humano viveu na Palestina em determinado período histórico. É possível afirmar com quase absoluta precisão que foi batizado por João Batista no Rio Jordão, escolheu doze discípulos, pregou pela Galiléia e morreu crucificado. No entanto, a transformação de um humilde e obscuro profeta na peça central da fé que tem mais adeptos em todo o planeta vem da originalidade absoluta de sua proposição básica: a paz e o amor ao próximo.

“Operando curas, sentando-se à mesa com pessoas: assim Jesus desconcertou a Galiléia”, descreve uma reportagem de VEJA em 23 de dezembro de 1992. A essência da mensagem de Jesus para seus contemporâneos – e, portanto, para todos aqueles que ajudaram a construir e disseminar o cristianismo – está nos milagres operados e na comensalidade praticada.

jesus-1995No primeiro quesito, Jesus quebrou o monopólio religioso da época de que só o divino operava milagres e realizava curas. Ele mostrou que também na Terra se curavam os doentes e se ressuscitavam os mortos. Mais ainda, caso se queira introduzir um elemento mercantil na equação, Jesus operava de graça, enquanto o templo cobrava por serviços, tanto assim que tinha trocadores de moeda à sua entrada, os mesmos que Jesus expulsou em sua mais famosa explosão de fúria.

Já a respeito da comensalidade, Jesus pregava a mais absoluta caridade e misericórdia e desafiava as normas de comportamento e de organização social. Ele se portava como igual, dividindo a mesa com homens e mulheres, pobres e ricos, gentios ou judeus, poderosos ou párias. Por isso atraiu a admiração dos que o cercavam e fúria dos que estavam no poder. E assim foi traído, preso e crucificado.

jesus-2002Se essa história instiga os estudiosos e fortalece a fé daqueles que creem, alimenta ainda mais a criatividade dos artistas. Hoje, o cinema e a literatura apresentam suas próprias versões da vida de Jesus. Entre os títulos mais famosos está O Evangelho Segundo Jesus Cristo. No longa de 1991, o escritor português José Saramago oferece ao leitor uma interpretação muito pessoal, iconoclasta e anticanônica da vida do redentor. Mais recentemente, em 2004, O Código Da Vinci, primeiro fenômeno de vendas de Dan Brown, mostra um Vaticano que deseja esconder a verdade sobre Maria Madalena: ela teria se unido a Jesus e gerado filhos dele.

Nas telas do cinema, as polêmicas ficaram também por conta do musical Jesus Cristo Superstar, de 1973, protagonizado por um Jesus hippie, uma Maria Madalena havaiana e um Judas negro que se perguntam: por que o filho de Deus não escolheu a época atual para fazer sua pregação? Na sequência, em 1988, a Última Tentação de Cristo mostra Jesus crucificado se questionando como seria sua vida se, ao invés de assumir o peso da salvação dos homens, escolhesse viver uma vida comum, com esposa, filhos e um dia-a-dia normal.

jesus-2004Pode-se considerar equivocada qualquer tentativa de contar a história de Jesus pondo de lado a confissão de que ele é o filho de Deus – e o próprio Deus também. Seria desprezar o fator que confere a ele sua importância absoluta e insuperável. Fato é que nas suas narrativas da vida e dos feitos de Jesus, os quatro evangelistas lhe atribuíram vários ditos. A maioria aparece em meio a diálogos e carece de sentido se retirada do contexto bíblico.

Em outros momentos, Cristo fala por meio de parábolas e uma leitura ao pé da letra, evidentemente, pode levar a interpretações equivocadas. Muitas frases dos Evangelhos, no entanto, têm a força de aforismos que condensam os temas centrais da pregação de Jesus. Elas tratam, sobretudo, da necessidade de perdoar o próximo e de levar uma vida pautada pelo desapego material e pelo amor a Deus.

Fonte:Veja

Nikola Tesla

Nikola Tesla

Engenheiro eletricista e físico croata nascido em Smiljan, Croácia, então parte da Áustria-Hungria, naturalizado norte-americano (1889), famoso por suas descobertas no campo da eletrotécnica e da radioeletricidade, como os princípios da corrente alternada (1881). Filho de um sacerdote ortodoxo sérvio, foi um brilhante estudante e dotado de uma memória fotográfica.

Cursou a escola politécnica de Graz, na Áustria, onde estudou principalmente física e matemática e fez sua graduação na Universidade de Praga (1880). Trabalhou como engenheiro eletricista na telefônica de Budapeste, Hungria, onde passou a se interessar por motores e correntes elétricas (1882). Depois de passar um período em Paris, onde trabalhou na Companhia Continental Edison, foi para os EEUU (1884), estabelecendo-se em Nova York, onde se tornou assistente de Thomas Edison.

Atritado com o patrão perdeu este emprego (1886), mas no ano seguinte (1887) ganhou bastante dinheiro de patrocinadores para construir um laboratório próprio em New York City, onde deu início independentemente a sua genialidade. Criou a corrente alternada e vendeu a patente para George Westinghouse, que iniciou a campanha junto ao governo dos EEUU pela adoção da nova modalidade de corrente. Iniciou viagens (1891) pelos Estados Unidos e Europa, durante as quais apresentou relatórios detalhados sobre aplicações da corrente alternada de alta freqüência e outras descobertas.

Ainda desenvolveu numerosos inventos de produção ou movidos a eletricidade como o motor elétrico e registrou mais de 100 patentes, entre eles o acoplamento de dois circuitos por indução mútua, que seria utilizado nos primeiros geradores industriais de ondas hertzianas, o princípio do campo magnético rotativo como meio de criar energia por meio da corrente alternada e projetou o primeiro motor assíncrono de campo giratório.

Também inventou as correntes polifásicas, dos comutadores e da ligação em estrela, novos tipos de geradores e transformadores e sistemas de comunicação sem fios e de transmissão de energia e faleceu em New York. O Museu Tesla, em Belgrado, Iugoslávia, foi criado e dedicado ao inventor. A tesla, uma unidade de densidade de fluxo magnético do sistema MKS, foi criada (1956) em sua honra.

Fonte: História de tudo.

Michelangelo

Michelangelo

Gênio italiano da escultura universal nascido em Caprese, localidade próxima à cidade toscana de Arezzo, autor de obras imortais da escultura, como o Davi e o Moisés, da arquitetura, como a cúpula da basílica de São Pedro e da pintura, como os afrescos da capela Sistina. Quando ainda era criança, sua família mudou-se para Florença, onde entrou como aluno (1488) para o ateliê do pintor Domenico Ghirlandaio, com quem aprendeu as técnicas de afresco e painel.

No ano seguinte, graças ao mecenato de Lourenço o Magnífico, passou a estudar escultura com Bertoldo di Giovanni no jardim onde a família senhorial de Florença conservava uma valiosa coleção de esculturas antigas. Com a morte de Lourenço (1492), e pouco antes da expulsão da família Medici pelo pregador e reformador religioso Girolamo Savonarola, fugiu para Bolonha, onde, sob a influência de Jacopo della Quercia, esculpiu três estátuas para o túmulo de são Domingos.

De volta a Florença, esculpiu em madeira a Crucificação (autenticada somente em 1965), que doou a uma igreja em agradecimento por lhe terem permitido estudar os cadáveres ali conservados. Mudou-se para Roma (1496), onde esculpiu Baco e a extraordinária Pietà (1498), toda em mármore e que se encontra na basílica de São Pedro, no Vaticano. Retornando a Florença (1501), foi contratado para realizar as 15 figuras da capela Piccolomini da catedral de Siena e o colossal Davi, todo em mármore (1502-1504), hoje na Academia de Belas-Artes de Florença.

Após o término do Davi (1504) começou a pintar o afresco Batalha de Cascina para a sala do conselho do Palazzo Vecchio florentino, pintura, posteriormente destruída, que gerou uma rivalidade entre ele e Leonardo da Vinci, que estava pintando A batalha de Anghiari na parede oposta. Desentendendo-se com o papa Júlio II por causa de pagamento de um projeto do mausoléu papal (1505), fugiu de Roma, mas em Florença, foi convencido por Piero Solderini a se desculpar, e o próprio Júlio II lhe encomendou então uma estátua em bronze para a igreja de São Petrônio, (1507-1508). Para o papa ainda pintou os afrescos da ampliação da capela Sistina (1508-1512), embora não gostasse de trabalhar como pintor.

Com a morte de Júlio II renegociou o contrato do mausoléu com seus herdeiros (1513). O projeto foi reduzido e ele idealizou para o sepulcro sua célebre estátua Moisés, em mármore, com as duas figuras torturadas de escravos. Com a volta dos Medici ao poder em Florença (1512), e com os papas Leão X e Clemente VII, membros dessa família, voltou a trabalhar quase que exclusivamente para a família em vários projetos para Florença (1514-1534), como a capela mortuária na igreja de São Lourenço (1520-1534), sepulcros da família Medici, para muitos a maior obra do artista, e a Biblioteca Laurenziana (1524), contratado por Clemente VII. A esta altura (1530) já alternava o trabalho em outras áreas com a criação de uma obra poética de grande sensibilidade. Nomeado pelo papa Paulo III (1534) escultor, pintor e arquiteto oficial do Vaticano, fixou residência definitiva em Roma.

Pintou o grande afresco Juízo final (1536-1541), no altar da capela Sistina (detalhe na figura: Criação do sol e da lua), transferiu a estátua antiga do imperador Marco Aurélio para o centro da praça do Capitólio (1538), e reurbanizou-a, criou as janelas do segundo andar e a grande ante-sala do Palazzo Farnese, em Roma (1546), iniciou (1547) os trabalhos da construção da basílica de São Pedro, cuja grande cúpula da basílica é de sua autoria, construiu, dentro das ruínas das termas de Diocleciano, a grande igreja Santa Maria degli Angeli (1561-1564) e, entre as esculturas de seus últimos anos, destaca-se a Pietà Rondanini. Deu grande contribuição ao humanismo renascentista com uma notável obra literária, tanto em prosa como em verso, uma seqüência de mais de 300 sonetos, madrigais e outros tipos de poemas, inclusive fragmentos inacabados.

Morreu em Roma, então nos Estados Pontifícios. Alcançou um grau de sofisticação representativa em suas figuras que prenunciou o barroco. No seu tempo surgiram na Bélgica e Holanda, os representantes do Renascimento flamengo como Jan van Eyck, Hans Memling e Rogier van der Weyden, que desenvolvem a pintura a óleo. O Renascimento foi um movimento artístico, científico e literário que floresceu na Europa no período correspondente entre à Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna, do século XIII ao XVI, com o berço na Itália e tendo em Florença e Roma como seus dois centros mais importantes. Sua principal característica foi o surgimento da ilusão de profundidade nas obras e, cronologicamente, pode ser dividido em quatro períodos: Duocento (1200-1299), Trecento (1300-1399), Quattrocento (1400-1499) e Cinquecento (1500-1599).

Fonte: História de tudo.

Mahatma Gandhi


Mahatma Gandhi

Líder do movimento de independência indiana nascido em Porbandar, estado de Gujarat, cujos princípios religiosos da não-violência e a crença na santidade de todos os seres vivos, seguidos com sucesso em suas atividades políticas, o consagraram mundialmente. O título dado Mahatma, que significa alma grande,expressou o respeito e a veneração do povo indiano por seu líder. Estudou no Samaldas College, em Bhavnagar, e direito na Universidade de Oxford, Inglaterra. Retornou à Índia (1891) e depois mudou-se para Natal, África do Sul, país com uma grande população de indianos, onde exerceu a advocacia (1893-1914) e deu início a sua luta localizada contra as injustiças e humilhações sofridas pelos indianos residentes.

Fundou uma seção do Partido do Congresso e estabeleceu os fundamentos da resistência pacífica, o satyagraha, baseada nos princípios da luta sem violência e no sofrimento como instrumento para resistir ao adversário. Voltou à Índia (1915), apoiou os britânicos durante a primeira guerra mundial, mas o massacre em Amritsar (1919), no estado do Punjab, onde soldados britânicos mataram cerca de 400 indianos, fez com que iniciasse sua luta pela independência do país (1920), o resultou em um período na prisão (1922-1924).

Ao ser libertado teve que trabalhar intensamente na reunificação das comunidades e do Partido do Congresso extremamente divididos entre hindus e muçulmanos. Após a notória campanha da desobediência contra o imposto do sal (1930), aceitou uma trégua com o Reino Unido e concordou em participar da II Conferência da Mesa Redonda (1931), em Londres, na qual mais uma vez reivindicou a independência de seu país.

Voltando à Índia em dezembro (1931), reassumiu a campanha da desobediência e foi novamente preso e condenado. Neste período manteve fundamentais contatos políticos com Jawaharlal Nehru, outro dos grandes líderes da futura nação indiana. Em protesto contra a decisão do governo britânico de segregar as castas inferiores, os párias (1932) fez mais uma de suas notórias greves de fome.

Deixando o Partido do Congresso (1934) concentrou-se num programa de organização da nação a partir da luta em favor dos pobres, que incluía o incentivo às indústrias regionais e a implantação de um sistema de educação voltado para as necessidades do povo. Com a eclosão da segunda guerra mundial, voltou à militância ativa e pediu a retirada imediata dos britânicos (1942), o que resultou na prisão dos principais dirigentes do Partido do Congresso. Terminada a guerra (1945) deu-se início a uma nova etapa nas relações indo-britânicas que resultou com a formação de dois estados independentes (1947): a Índia, majoritariamente hindu, e o Paquistão, muçulmano.

Foi assassinado por um fanático hinduísta, enquanto rezava em Delhi, e suas cinzas foram lançadas no rio Ganges.

Fonte: História de Tudo

A situação da mulher na Idade Média


A mulher assumiu diferentes lugares e significados ao longo de toda a Idade Média.


Ao falar sobre a situação da mulher no passado, muitos empreendem um discurso linear em que muitos fatos, experiências e valores históricos são simplesmente deixados para trás. Não raro, as mulheres têm o signo da submissão reservado a uma leitura equivocada, em que a suposta e recente libertação feminina tem seu valor fortalecido por essa interpretação negativa. No caso da Idade Média, ainda tida como o tempo das “trevas”, temos a impressão de que a religiosidade aparecia para reforçar ainda mais esse tipo de leitura superficial.

Nos fins da Antiguidade, a figura da mulher era colocada em muitas situações de superioridade em relação à população masculina. Em muitas culturas, a mulher era vista como um ser especialmente capaz de realizar certos encantamentos e receber favor das divindades. Sob o olhar do próprio Cristianismo primitivo, vemos que os relatos sobre Jesus Cristo reforçam a ideia de que o Messias valorizava imensamente a participação feminina em importantes eventos e que seu lugar não poderia ser desconsiderado.

Durante a propagação do Cristianismo, essa aura mágica e poderosa do feminino foi combatida por diversos clérigos que reafirmavam a igualdade entre homens e mulheres. Em termos gerais, tomando os gêneros como criaturas provenientes de uma mesma divindade, a suposta superioridade feminina era vista como uma falsidade que ia contra a ação divina. Com isso, o antigo discurso o qual a Igreja apenas detraiu a mulher, não correspondia às primeiras formulações que pensavam o lugar do feminino.

Na medida em que o celibato se tornou uma das exigências mais importantes da organização hierárquica da Igreja, notamos que a desvalorização feminina se põe como estratégia de manutenção da organização eclesiástica. Eva, vista como a grande responsável pelo pecado original, é uma das justificativas que aproximavam a mulher do pecado. Do mesmo modo, era a mulher que pedira a cabeça de São João Batista e que descobriu o segredo de Sansão e o entregou para a sua humilhante morte.

Contudo, já na Baixa Idade Média, vemos que esse processo de desvalorização, sedimentado pela Primeira Mulher, se transformava com a visão da Virgem Maria como um meio de renovação. Encarando diversos desafios em prol do jovem salvador, essa mulher determinava a constituição de outro olhar sobre o feminino. Não por acaso, vemos que o culto mariano, a canonização de mulheres e a reclusão nos conventos se elevam significativamente com esse tipo de reinterpretação.

Tendo em vista a condição demasiadamente sagrada da Virgem Santa, a figura de Maria Madalena também era colocada como uma possibilidade mais acessível aos cristãos daquela época. A mulher poderia se arrepender dos seus pecados e, desse modo, se firmar como uma figura positiva. De fato, vemos que a suposta reclusão feminina não correspondia à existência de algumas mulheres intelectualizadas e independentes que circularam durante a Idade Média.

Sendo um período histórico tão extenso, não teríamos condições próprias de abarcar todas as possibilidades de constituição da imagem feminina nesse tempo. Contudo, por meio dessa breve consideração, notamos que as mulheres assumiram papéis que extrapolaram os antigos preconceitos ainda reservados ao medievo. Sem dúvida, as mulheres medievais são muitas, variadas e dinâmicas, como as manifestações do tempo em que viveram.


Por Rainer Sousa
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Estrela de Belém pode ter origem na Babilônia, dizem teólogos


Para especialistas, a Estrela de Belém descrita na história do nascimento de Cristo é originada da tradição de se associar grandes fatos ou monarcas a sinais celestes, costume mais antigo do que o cristianismo.

A Estrela de Belém sempre representa, no Natal, um papel importante e, ao mesmo tempo, misterioso. Teria sido um cometa, uma supernova, ou Júpiter e Saturno entraram em conjunção quando Jesus nasceu? Os astrônomos discutem até hoje sobre o que, na verdade, era a Estrela de Belém. Independente disso, permanece um mistério o motivo que levou os três reis magos a segui-la. Como conseguiu atraí-los? E como lidamos com símbolos estelares produzidos culturalmente?

Quando os três reis magos viram a estrela, compreenderam imediatamente que ela era um sinal divino. "O aparecimento da estrela foi para os magos o sinal de que um novo rei havia nascido", afirma o estudioso do Novo Testamento Jens Herzer, teólogo da Universidade de Leipzig. "Afinal, o profeta Balaão escreveu: 'Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro'."

Sempre que uma pessoa importante vem ao mundo, isso se reflete num sinal celeste. Pode ser uma estrela que aparece ou que cai do céu, o Sol ou a Lua que escurecem. A história está cheia desses relatos, lembra o professor de Teologia: "Fenômenos naturais e fenômenos celestes, no nascimento ou na morte de pessoas importantes sempre fizeram parte do repertório de histórias sobre diversas personalidades", explica Herzer.

Sinais do céu e personalidades importantes

Os habitantes da antiga Babilônia foram os primeiros a ver no céu certas relações entre as estrelas e a política, aponta Hannah Müller, professora de Estudos Religiosos pela Universidade de Leipzig. "Os sacerdotes babilônicos estudavam as estrelas para calcular os eclipses da Lua, que tinham uma importância para o calendário, para eles saberem quando podiam, ou não, realizar certos rituais."

Estrela teria anunciado nascimento de Cristo Estrela teria anunciado nascimento de Cristo

Os gregos trouxeram um elemento novo à observação dos astros, ao associarem as divindades às estrelas: Marte é o deus da guerra, Mercúrio é responsável pelo comércio e Vênus, pela beleza, Júpiter é o astro-rei, Saturno é considerado a estrela dos judeus.

E aqui pode estar uma chave para o mistério da Estrela de Belém: Pesquisadores de história da astronomia acreditam que, há 2011 anos, Júpiter e Saturno encontraram na constelação de Peixes. Astrologicamente, isso significaria o nascimento de um novo rei dos judeus.

"Quando Mateus, em seu evangelho, descreve as figuras de três reis magos que seguem a estrela a partir do Oriente, quer dizer, da Babilônia, ele lança uma prova de legitimação de que aquele tinha realmente que ser um acontecimento único”, observa Hannah Müller.

A estrela remete não só à criança prodigiosa que nasceu em Belém. A estrela é Cristo. Assim era, pelo menos, a interpretação de Santo Ambrósio, no século 4º. Jens Herzer lembra que associar o monarca a uma estrela faz parte da tradição judaica.

"O líder da segunda revolta judaica do começo do século 2º descreveu a si mesmo como Bar Kochba, que significa 'filho da estrela'. Ele mandou cunhar moedas que também traziam o símbolo de uma estrela. Isso mostra claramente o quanto a vinda de um Messias estava também ligada com tal simbolismo astronômico", ressalta o teólogo.

Autor: Hartmut Schade (md)

Fonte: Copyright Deutsche Welle

CAFÉ

PROCESSAMENTO DO CAFÉ

O preparo dos frutos de café, após a colheita, pode ser feito de dois modos: por via seca, resultando nos "cafés de terreiro" ou "cafés naturais", ou por via úmida, dando os "cafés despolpados" ou os "cafés cerejas e descascados" (CD). Ambos exigem várias operações que visam transformar os frutos colhidos em grãos secos e beneficiados.

As principais etapas do processo são: lavagem/separação, despolpamento/descascamento, secagem e beneficiamento, que são feitas utilizando-se instalações e equipamentos próprios, que são detalhados em seguida.

Café

A) VIA SECA

Na cafeicultura brasileira predomina, em mais de 90%, a preparação do café por "via seca" e, nesse processo, a qualidade do produto vai depender das condições ecológicas da zona de produção (umidade, temperatura, etc.), especialmente as condições climáticas durante o período de colheita (chuva e umidade do ar) e dos cuidados adotados na colheita e durante o preparo dos cafés colhidos, para evitar fermentações indesejáveis, que ocorrem na mucilagem açucarada dos frutos. Essas fermentações podem ser de natureza lática, acética, butírica e propiônica, aí influindo a flora de microorganismos presente, as condições climáticas e o tempo decorrido da maturação até a secagem dos frutos.

Nas regiões como de cerrado, em Minas, com inverno frio e seco, a florada, a frutificação e a maturação são mais uniformes e o tempo de secagem do café é menor. Esses fatores determinam, de forma natural, maior facilidade na obtenção de café de qualidade, com bom corpo e aroma nos cafés de terreiro, exigindo menos cuidados no seu preparo. Nessas condições, ocorrem nos frutos apenas os dois primeiros tipos de fermentação (lática e acética), diferentemente de regiões úmidas, onde ocorrem as fermentações butírica e propiônica, que resultam em bebida inferior.

O preparo "por via seca" não dispensa, totalmente, o uso de água no processo, pois é indicado usar o lavador/separador, seguindo-se a secagem, o armazenamento e o beneficiamento.

B) VIA ÚMIDA

O processo via úmida leva à preparação dos cafés despolpados, retirando-se a casca e a mucilagem, fontes de fermentação e que atrasam a secagem. Com isso, torna-se fácil a obtenção de boa bebida, independente da zona de produção.

Esse sistema utiliza bastante água, sendo os frutos separados no lavado/separador e os frutos verdes separados no cilindro separador de verdes.

O café despolpado é degomado para a retirada da muscilagem, seguindo-se a secagem, o armazenamento e o beneficiamento.

O preparo dos cafés chamados "cerejas descascados" é uma variável no processo "via úmida", em que os maduros entram num equipamento semelhante ao despolpador, com o cilindro na vertical, que tira a casca e o café em pergaminho não passa pelo processo de degomagem, indo direto para a secagem. Assim, obtém-se um café com características de cor e corpo semelhantes ao de terreiro, porém, com possibilidades de obtenção de melhores padrões de bebida, especialmente nas zonas não propícias aos cafés de bebidas finas

LAVAGEM E SEPARAÇÃO DO CAFÉ

Na primeira etapa, são retiradas impurezas, como galho, folhas, torrões e separados os cafés mais leves (bóias) dos pesados (frutos cerejas e verdes).

O lavador mecânico possui uma bica separadora sobre um tanque metálico, tendo ainda uma bica de jogo em sua parte frontal, para separar impurezas grandes, um conjunto de bomba para recircular (e economizar) a água e um dispositivo mecânico ou pneumático para a retirada contínua das impurezas pesadas (terra e pedras) do fundo do tanque. A melhoria da qualidade é obtida pelo preparo em separado do café cereja e pela separação dos grão chochos, mal granados pela seca mais uniforme dos grãos.

DESPOLPAMENTO E DESCASCAMENTO

Nesse processo, além de da possibilidade de melhoria de qualidade, há uma grande redução no trabalho de secagem do café. A permanência da mucilagem permite a manutenção da característica de corpo acentuado, típica dos cafés de terreiro.

PROCESSO DE RETIRADA DA CASCA E SEPARAÇÃO DO VERDE

O café colhido deve ser despolpado ou descascado o quanto antes, dentro de, no máximo, 24 horas após a colheita. Os frutos maduros (cerejas), com pequena porcentagem de verdes, assim colhidos ou, então, obtidos por separação nos lavadores, entram no despolpador pela moega, juntamente com a água. Nos despolpadores que possuem separadores de verde, os frutos passam da mega para um cilindro janelado, tipo gaiola, onde, por pressão, os verdes são separados e saem lateralmente.Os frutos verdes passam pela lateral do cilindro, já os maduros rompem e a casca com a semente passam pela abertura da parede do cilindro.Os maduros seguem para o elemento despolpador, separando a polpa de um lado e os grãos envolvidos pelo pergaminho do outro.

Os grãos despolpados passam por uma peneira cilíndrica, que acaba de separá-los dos restos de cascas, que não foram despolpados.

DEGOMAGEM OU DESMUCILAGEM

A degomagem mecânica é feita em equipamentos que produzem atritos dos grãos em injeção sob pressão, causando assim a retirada da mucilagem.

DESPOLPAMENTO SIMPLIFICADO

O processo consiste em submeter o café maduro a pressão, dentro de um cilindro janelado, tipo gaiola, contendo um rolo interno, que pressiona o fruto contra parede, por onde só passam os frutos prensados, com suas sementes deslocadas e com parte deles com sementes soltas (despolpados).

SECAGEM

É uma operação importante, que deve ser bem feita para evitar prejuízos ao cafeicultor.

Logo após a lavagem, o café deve ser esparramado no terreiro em camadas finas de três a quatro centímetros de espessura. Este deve ser revolvido a cada hora, aproveitando ao máximo o solo.

O tempo de secagem no terreiro varia de dez a vinte dias, dependendo da umidade do café e das condições climáticas do local.

A determinação final de seca é quando os grãos atingem 12% de umidade para cafés arábica e 13% para o conillon.

SECAGEM MECÂNICA

A secagem em secadores mecânicos apresenta as vantagens de: reduzir o tempo de secagem, viabilizar as secas em regiões úmidas e, em períodos de chuvas, reduzir a interferência de condições climáticas sobre a qualidade dos cafés, permitir a redução das ares de terreiros e diminuir a mão-de-obra necessária secagem.

Fornalha: com fogo direto gastam menos lenha, pois o calor é injetado diretamente no secador; já na de fogo indireto, o fogo esquenta os tubos, por onde passa o ar que, assim, é aquecido diretamente, sem entrada de fumaça no secador.

Fonte: www.cicbr.org.br

CAFÉ

A história do café é marcada por interessantes acasos e coincidências.

Sua origem é estimada em cerca de mil anos e está associada aos árabes, que primeiro cultivaram a fruta. A região de Kafa, no Oriente Médio, parece ser o berço do café, tendo inclusive emprestado seu nome à bebida.

Mas interessante mesmo são os primeiros registros acerca do café, nos quais podemos perceber como a observação dos animais inspira nosso cotidiano.

Café

Tudo começou na Etiópia, quando um pastor percebeu que suas cabritas gostavam de comer certo fruto pequenino, vermelho e arredondado. Estas mesmas cabritas se mostravam mais espertas e resistentes depois de comê-lo.

Quando o pastor resolveu experimentar as frutas (esmagou-as com manteiga e fez uma pasta), conheceu os efeitos estimulantes docafé. A versão bebida, porém, vem dos árabes.

Isto foi no século XV. Com o passar do tempo, o café seria não só saboreado, como estudado em seus efeitos estimulantes e revigorantes.

Através do comércio dos árabes com os europeus, o consumo do café foi se ampliando e, com as grandes navegações, chegou às Américas Central e do Sul.

Fonte: www.ibge.gov.br

CICLO DO CAFÉ


No início do século XIX o café atingiu alto valor no mercado europeu. Aproveitando essa oportunidade, em 1830 já era o produto mais exportado pelo Brasil, desbancando o ouro e o açúcar.

A principal região produtora de café era o Vale do Paraíba e, Paraty era o porto mais próximo para embarcar o café com destino a Europa. Começava na vila um movimento nunca antes visto.

Mais de 20.000 animais passavam por ano carregados com sacas de café e outros produtos agrícolas para serem vendidos no Rio de Janeiro.

Renasceu o comércio, apareceram armazéns que compravam e/ou estocavam o café e que era inclusive plantado no município.

Nessa mesma época a economia paratiense foi beneficiada com a vinda da família real em 1808 para o Rio de Janeiro. Acompanhada de toda a nobreza de Portugal e acostumada com elevados índices de consumo, os produtos paratienses eram rapidamente vendidos na capital. Para atender essa demanda, havia uma navegação regular entre Paraty e o Rio de Janeiro feita por dez barcos a vela e um a vapor.

Com o fruto dessa atividade comercial, foi possível construir mais uma igreja - a de Nossa Senhora das Dores. Paralelo e pouco distante do Caminho do Ouro, abriu-se um novo caminho, todo calçado de pedra para que os tropeiros passassem com mais segurança. Em 1808 a população foi calculada em 6.128 habitantes.

Foi nesse período de crescimento que o calçamento das ruas da vila foi terminado. Em 1830 contava-se na vila mais de 400 casas, sendo 40 sobrados, e aproximadamente 10.000 habitantes, dos quais 3.500 eram escravos. Tão intenso estava o desenvolvimento da vila que em 1844 foi elevada com o título de cidade. Nas casas do centro predominavam a arquitetura de armazéns e lojas, com portas no lugar de janelas e, quando sobrado, o comércio era no térreo e a residência no andar superior.

Em 1850 contava-se mais de 150 alambiques em Paraty e 16.000 habitantes. Entretanto a riqueza ficava na mão de poucos. O relevo montanhoso e recortado por vários rios dividia naturalmente as propriedades rurais entre vários pequenos agricultores e/ou produtores de aguardente (no censo de 1920 Angra dos Reis possuía 15 propriedades rurais enquanto em Paraty havia 133). Os intermediários, com seus armazéns e barcos para vender a mercadoria no Rio de Janeiro, conseguiam impor os preços ao produtor garantindo assim boa margem de lucro. Havia em Paraty, assim como em todo Brasil colonial, três classes de casa de negócios: comerciantes, negociantes e vendeiros.

A primeira delas era formada pelos proprietários de grandes capitais de giro, que compravam toda a produção das fazendas ou importavam diretamente os produtos da Europa, ficando com toda a carga dos navios que chegavam. Esses vendiam as negociantes que revendiam ao público final e aos vendeiros (proprietários de pequenas vendas nas áreas rurais).

Fonte: www.paraty.tur.br

CICLO DO CAFÉ

Ciclo do Café

O café entrou no Brasil pelas mãos de um português, o comerciante Melo Palheta, que plantou algumas mudas num fundo do quintal em Belém do Pará em 1727.

Dali o café percorreu todo o litoral brasileiro, sempre em pequenas plantações para uso da casa ou em vendas e quitandas. Mas, um século depois, já havia grandes plantações no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, de onde abraçou para São Paulo. Escolhido pelos fazendeiros como produto de exportação nas terras do Sul, o cafeeiro mostrou que podia produzir muito mais e os mercados europeus pagavam muito bem pela bebida que se tornava moda.

Em Campinas, os cafeeiros encontraram as primeiras terras roxas e o resultado foi melhor ainda.

Em 1850, o café era o nosso primeiro produto de exportação. Os fazendeiros enriqueciam e abriam novas fazendas, compravam cada vez mais escravos para o trabalho na terra. Estimulava-se a vinda de todas as raças para o Brasil.

O café normalmente, levava 4 anos para a primeira colheita. No Norte do Paraná as primeiras colheitas confirmaram o "O Ouro Verde" que se tinha.

Mal começavam a plantar café no Norte velho do Paraná e os trilhos da estrada de ferro Sorocabana chegavam até Ourinhos fronteira com S. Paulo. Em 1924, Lord Lovat conhece as primeiras terras e fazendas do norte do Paraná e conclui que não haveria lugar melhor para o plantio do algodoais e cafezais.

Por isso a base econômica forte da época em Arapongas e região foi basicamente o Café.

Fonte: www.cmarapongas.pr.gov.br