22.2.12

21 de fevereiro de 1965: O assassinato de Malcolm X

"O assassínio de Malcolm X deveria fazer toda nação compreender que a violência e o ódio são forças nefastas que devem ser esquecidas".
Martin Luther King

Jornal do Brasil: Terça-feira, 23 de fevereiro de 1965 - página

O controverso norte-americano negro Malcolm X, 39 anos, morreu alvejado por uma rajada de tiros durante um comício no Harlem, bairro nova iorquino de maioria negra. Ao seu lado estavam a mulher Betty, grávida, e quatro filhas. A polícia não encontrou provas, mas apontou o envolvimento da Nação do Islã no crime.

Malcolm X. Reprodução/CPDoc JB

Nascido Malcolm Earl Little em Omaha, no estado americano de Nebraska, em 1925, teve a infância e a adolescência marcadas pela violência característica dos guetos pobres de então. Viu sua casa ser incendiada pelos brancos. Criança ainda, perdeu o pai, assassinado brutalmente após sofrer espancamento e ser atirado na linha de trem. Em volta disso cresceu e chegou ao Harlem, onde iniciou-se no ativismo político.

Consumiu e traficou drogas. Foi preso e condenado por assalto. Atrás das grades veio a conversão ao islamismo e a decisão de vingar tudo o que os brancos lhe haviam feito.

Alistou-se na seita de Elijah Muhammad, e logo ministraria em Nova Iorque. Mas o ódio que nutria pelo branco era imenso, o que motivou uma crescente divergência entre ele e seu mentor, e promoveu sua conseqüente expulsão da seita.

A contundente história de vida de Malcolm X suscitava sentimentos contraditórios junto à opinião pública. Após uma viagem à Meca, cidade sagrada dos muçulmanos, reviu seus ideais e declarou não acreditar mais que os brancos fossem irremediavelmente maus, proclamando uma coexistência pacífica. Postura que a partir de então adotou e defendeu até o seu discurso final no Harlem.

Contrastes com Martin Luther King
Enquanto Luther King apostava na resistência não-violenta como arma para enfrentar o racismo, Malcolm X defendia a separação das raças, a independência econômica e a criação de um estado autônomo para os negros.

Viajou pelos estados norte-americanos para pregar as suas idéias com grande repercussão, inclusive no exterior. Um ano antes de sua morte, mudou o seu nome para Al Hajj Malik Al-Habazz. Com a morte, ocorrida no estágio final da luta pelos direitos civis, a influência de Malcom X caiu rapidamente. Ficou a lembrança da sua figura esguia como um dos ícones dos anos 60.
Fonte: Jblog